NEOJIBA lota Concha Acústica em noite memorável
- 30 out, 2024
Foi uma noite mágica, para guardar no coração e na memória. No último sábado (26/10), mais de 500 integrantes das principais formações musicais do NEOJIBA se apresentaram na Concha Acústica do Teatro Castro Alves, em Salvador, deixando maravilhado um público de cinco mil pessoas. O colorido e a vibração dos músicos se estenderam para a plateia, que lotou mais uma vez o espaço. Os ingressos, vendidos a preços populares, esgotaram-se em apenas três dias.
A professora Jaqueline Souza se emocionou com cada grupo que se apresentou, especialmente com a Orquestra Pedagógica Experimental (OPE), onde seu afilhado toca. “Foi maravilhoso, uma experiência grandiosa. É muito gratificante ver o desempenho de todas essas crianças, o trabalho maravilhoso que vocês fazem. E a gente fica aqui feliz de poder contemplar tudo isso”.
Alíria Maria, estudante de enfermagem, não conseguiu desgrudar os olhos do palco. “Foi extraordinário, uma experiência única. Foi a primeira vez que eu vi uma orquestra e fiquei o tempo todo vidrada em tudo que estava acontecendo. Foi muito importante também enxergar representatividade nas pessoas que estavam ali tocando”.
A emoção do público só não era maior que a dos integrantes, que representavam ali um universo de mais de 36 mil crianças, adolescentes e jovens que tiveram suas vidas transformadas pelo NEOJIBA ao longo de 17 anos de história. Ian Conceição Rogério, de 9 anos, que toca violoncelo na OPE, contou que iria lembrar pra sempre daquela noite. “Senti uma alegria danada. A gente ensaiou tudo certinho e foi uma maravilha. Fiquei tão alegre que dancei de felicidade. Nunca vou esquecer esse momento”, contou.
O oboísta Eduardo Nascimento era menor que Ian quando se apresentou na Concha pela primeira vez, há sete anos. Naquela época, ainda tocava flauta doce. “Hoje estou tocando na OCA e me sinto muito grato por essa oportunidade que o NEOJIBA me deu. Foi uma experiência revigorante, que vai ficar marcada na minha memória. Sempre vou lembrar da sensação que é estar na Concha e poder fazer minha música”.
Grandes obras para um grande concerto
O NEOJIBA na Concha celebrou dois grandes marcos da história da música: os cem anos de estreia de “Rhapsody in Blue”, de Gershwin, que levou o jazz para a música de concerto, e os 200 anos da Nona Sinfonia de Beethoven, considerada uma das maiores obras de todos os tempos.
A apresentação foi aberta com uma atividade interativa com o público. Acompanhada por monitores do programa, Yuli Martínez, coordenadora de canto coral, colocou em prática um dos maiores lemas do NEOJIBA, o “lugar de plateia é no palco”. O público cantou junto para receber os músicos, que desceram pelas escadarias da Concha, encantando os presentes.
Os primeiros a se apresentarem foram os integrantes da Banda Sinfônica, uma das mais novas formações musicais do NEOJIBA. Eles interpretaram a “2ª suíte para Banda”, de Gustav Holst, sob regência do peruano Ronald Zaira, coordenador pedagógico de trompa.
Logo na sequência, as crianças da OPE, do Coro Pedagógico Experimental e do coro da Orquestra de Cordas Infantil subiram ao palco para tocar o “Dobrado Dois Corações”, de Pedro Salgado, a valsa do balé ’“A Bela Adormecida”, de Tchaikovsky, e “Aquarela”, de Toquinho, sob regência dos maestros Adauri de Oliveira e Alexsandra Brasileiro. Membro fundador do NEOJIBA, Adauri ficou feliz de ver novamente a Concha lotada para prestigiar o programa. “Foi maravilhoso, assim como há sete anos. O NEOJIBA é isso, é quem está no palco, quem está na plateia, são as equipes, os integrantes, suas comunidades, todos presentes num único lugar”.
Toda essa movimentação foi comandada pelos apresentadores Emyle França e Dendê Azevedo, integrantes do Coro Juvenil do programa, que além de cantar também fizeram às vezes de mestres de cerimônia.
A Orquestra 2 de Julho, principal formação musical do NEOJIBA, deu vida à famosa “Rhapsody in Blue”, de Gershwin, com um brilhante solo ao piano de Ricardo Castro, diretor-geral do programa, que também regeu a orquestra. O público ovacionou os músicos, aplaudindo de pé por longos minutos.
Celebração interestelar
Os músicos da orquestra permaneceram no palco para interpretar “Cinema Paradiso”, de Enio Morricone, e “Rey´s theme”, de John Williams, da trilha de Star Wars, desta vez sob a regência de Vinicius Jaloto, estreante da noite. A obra foi tocada no espaço pela violinista Sarah Gillis, acompanhada aqui da terra por músicos de seis países, incluindo o NEOJIBA, que representou o Brasil nesta missão histórica.
Depois de relembrar esse momento interestelar, foi a vez dos jovens músicos da Orquestra Castro Alves. Eles apresentaram as vibrantes “Danzón n. 2”, de Arturo Márquez, e as “Danças Polovtsianas”, de Borodin, com os coros Infantojuvenil e Juvenil, sob a regência cheia de energia de Eduardo Salazar.
O final apoteótico ficou por conta do quarto movimento da Nona Sinfonia de Beethoven. A Orquestra 2 de Julho voltou ao palco, ao lado do Coro Juvenil, Coro Infantojuvenil e Coro Comunitário, para acompanhar os solistas Irma Ferreira, Maria Fernanda Cardoso, Carlos Eduardo Santos e Vinicius Pereira. Os músicos estiveram, mais uma vez, sob regência de Salazar. A comoção do público virou festa com o bis de Tico-Tico, de Zequinha de Abreu, que já é um clássico do NEOJIBA.
Foi uma noite “fantástica” para o oboísta Moisés Pena. “É surreal ver a quantidade de vidas transformadas pelo programa, a felicidade deles no palco e a energia do público. Isso tinha que ser replicado em muito mais cidades, com o apoio maciço da sociedade. Estou muito contente de testemunhar um evento tão importante como esse”.
Para o maestro Ricardo Castro, o NEOJIBA na Concha provou mais uma vez a “capacidade extraordinária da juventude baiana de se organizar e criar beleza”. “Não conheço nada que junte tanto menino no mesmo espaço e que dê tão certo. A gente vive com tantos problemas, mas quando chega numa realização como essa, tem a certeza de que nossas vidas, nossas histórias, podem dar certo”.
O NEOJIBA na Concha contou com patrocínio do Nubank, via Lei Federal de Incentivo à Cultura.
Sobre o programa NEOJIBA
Criado em 2007, o NEOJIBA (Núcleos Estaduais de Orquestras Juvenis e Infantis da Bahia) promove o desenvolvimento e integração social prioritariamente de crianças, adolescentes e jovens em situações de vulnerabilidade, por meio do ensino e da prática musical coletivos. O programa é mantido pelo Governo do Estado da Bahia, vinculado à Secretaria de Justiça e Direitos Humanos, e gerido pelo Instituto de Desenvolvimento Social Pela Música. Atualmente, o programa beneficia 2,4 mil integrantes diretos em seus 13 núcleos, em Salvador e em 6 cidades do interior da Bahia, e 6 mil indiretos em ações de apoio a iniciativas musicais parceiras.